quarta-feira, 3 de setembro de 2025

MEUS OITO ANOS

MEUS OITO ANOS 

Oh! Que saudades que tenho 
 Da aurora da minha vida, 
 Da minha infância querida 
 Que os anos não trazem mais! 

 Que amor, que sonhos, que flores,
 Naquelas tardes fagueiras 
 À sombra das bananeiras, 
 Debaixo dos laranjais! 

 Como são belos os dias 
 Do despontar da existência!
 Respira a alma inocência 
 Como perfumes a flor; 

 O mar é lago sereno, 
 O céu, um manto azulado, 
 O mundo, um sonho dourado, 
 A vida, um hino d'amor! 

 Que auroras, que sol, que vida, 
 Que noites de melodia 
 Naquela doce alegria, 
 Naquele ingênuo folgar! 

 O céu bordado d’estrelas, 
 A terra de aromas, cheia, 
 As ondas beijando a areia 
 E a lua beijando o mar! 

 Oh! dias da minha infância! 
 Oh! meu céu de primavera! 
 Que doce a vida não era 
 Nessa risonha manhã.

 Em vez das mágoas de agora, 
 Eu tinha nessas delícias 
 De minha mãe as carícias 
 E beijos de minha irmã!

 Livre filho das montanhas, 
 Eu ia bem satisfeito,
 De camisa aberto ao peito, 
 Pés descalços, braços nus - 

 Correndo pelas campinas 
 À roda das cachoeiras,
 Atrás das asas ligeiras 
 Das borboletas azuis! 

 Naqueles tempos ditosos
 Ia colher as pitangas, 
 Trepava a tirar as mangas, 
 Brincava à beira do mar;

 Rezava às Ave-Marias,
 Achava o céu sempre lindo, 
 Adormecia sorrindo 
 E despertava a cantar! 

 Oh! Que saudades que tenho 
 Da aurora da minha vida, 
 Da minha infância querida 
 Que os anos não trazem mais! 

 Que amor, que sonhos, que flores, 
 Naquelas tardes fagueiras 
 À sombra das bananeiras,
 Debaixo dos laranjais!

 CASEMIRO DE ABREU

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